Beto Richa em entrevista à Folha de Londrina: ‘Não teve governo no Paraná que investiu tanto em Londrina quanto o meu’

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A gazeteira Francielly Azevedo entrevistou, na última quinta-feira (25/01), o governador Beto Richa.

A reportagem é da Folha de Londrina.

Na reta final da sua gestão como governador, após quase oito anos, Beto Richa (PSDB) faz um balanço positivo sobre sua trajetória no comando do Paraná. O tucano recebeu a reportagem da FOLHA em seu gabinete no Palácio Iguaçu, e revelou quais os planos para esses últimos meses de governo, além da possível disputa ao Senado. Richa também comentou sobre a provável reforma no secretariado, com a saída de Wagner Mesquita da Sesp (Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária). De acordo com o governador, existiu uma “indisposição” entre a Sesp e o comando da Polícia Militar. 

Entre outros assuntos, falou sobre as operações Publicano e Valor, relação com Osmar Dias (PDT)e Gustavo Fruet (PDT) e rebateu o senador Roberto Requião (MDB). Além disso, o primeiro londrinense a chefiar o Executivo estadual destacou as obras já entregues e que serão feitas em sua cidade natal e desafiou: “Não teve governo no Paraná que investiu tanto em Londrina quanto o meu”. 

Beto Richa foi eleito ao governo em 2010, em primeiro turno, com 52,43% dos votos. Na reeleição, o tucano passou novamente em primeiro turno, com 55,7% do eleitorado. 

O senhor fica no governo até o fim do mandato?

Essa pergunta a cada dia eu tenho respondido com mais frequência. Não é nenhuma dissimulação, é com muita franqueza, é uma decisão muito difícil. O meu governo, por exemplo, está no melhor momento, muitos recursos, muitas obras. Se você perguntar para qualquer prefeito, dos 399 municípios do Paraná, todos vão afirmar: nunca viram tantos recursos, nunca viram tantos investimentos e obras como estão acontecendo em seus municípios. Esse é um aspecto que eu tenho levado em consideração. Eu não tenho, já disse isso ao longo da minha trajetória política, nenhum apego, vaidade, por ocupar cargos, títulos ou posições. Eu tenho sim honra em governar o Paraná e merecer a confiança dos paranaenses. Eu vou avaliar no momento oportuno, daqui um mês e pouco, com meu partido, com meu grupo político, o que seria mais conveniente: ficar até o fim do governo ou deixar o governo para concorrer ao Senado, porque teria que renunciar agora começo de abril. 

Qual a expectativa para esse seu último ano de gestão? E quais as principais metas? 

As metas são fazer as grandes obras. É curioso que o que sempre foi problema em outros governos, em outras administrações, não só no Paraná, mas no resto do Brasil, é o problema de recurso. Aqui não, nós temos recursos, mas muitas vezes o Estado não dá conta de fazer todos os projetos e todas as licitações pelos entraves burocráticos. A nossa angústia é dar conta de todas essas demandas que estão programadas para acontecer. E, a par e passo, estamos conseguindo lançar todas essas importantes obras, muitas obras mesmo. Hoje temos um grande investimento em infraestrutura. 

Ainda em relação ao Senado, se o senhor não for candidato mesmo, qual seria teu futuro político, ministro? 

Como falei anteriormente, eu reafirmo: não tenho apego a cargos não. Nunca trabalhei para ser indicado a isso ou aquilo, as coisas aconteceram de forma natural e eu sempre acreditei que ninguém pode ser candidato de si próprio. Então, estou com serenidade, centrando meus esforços, a minha energia, o meu tempo, em cumprir bem o meu mandato, honrar com os meus compromissos, retribuir a larga confiança que recebi dos paranaenses para ser governador. Se por ventura, eu ficar até o fim do mandato, evidentemente, fico sem cargo porque não disputei a eleição. Mas se amanhã ou depois tiver que sair da carreira política, saio sem nenhum ressentimento, só agradecimentos por tudo que realizei, pois deixo o Estado muito melhor do que recebi do meu antecessor. 

Senador tem foro privilegiado, o senhor está sendo investigado, abriria mão dessa prerrogativa e ficaria sem um cargo? 

Não tem investigações ainda. Estou muito tranquilo, absolutamente tranquilo, até em uma posse do TRE, que eu participei, ouvi um ministro do STF dizer o seguinte: é raríssimo um político que passou por um cargo executivo não ter pelo menos um processo. Hoje tem ações populares, qualquer um pode entrar com uma ação de investigação, de um ato administrativo, de uma licitação realizada, faz parte da democracia. O problema são os excessos, que nos tomam tempo e nos chateiam bastante em ter que nos defender. Mas tudo bem, faz parte, é a realidade que vivemos hoje. Acho que tudo deve ser investigado, ninguém está acima da lei, mas ninguém está abaixo dela. A Justiça é feita para punir culpados, mas também para absolver inocentes. 

Existem rumores da troca de secretariado, com a possível saída do Wagner Mesquita da Secretaria de Segurança. Isso procede? 

Nós estamos tentando, não é segredo, não vou aqui dissimular, não é do meu feitio. Todos sabem de alguma indisposição que veio recrudescendo entre a direção da Secretaria de Segurança e o comando da Polícia Militar, algumas associações de classe da PM, com a condução da Secretaria de Segurança. Coincidiu também, isso eu não aceito, um corpo de uma pessoa por 12 horas largado na rua e não foi recolhido para o IML, faltava o carro, o rabecão, para retirar essa pessoa, é uma situação desumana. É inaceitável essa situação que ocorreu. Cobrei também em relação a coletes balísticos. Até porque, se faltasse dinheiro na Secretaria vá lá, mas não é o caso, dinheiro nós temos, fizemos grandes investimentos. Então, nós estamos discutindo ainda nesse momento tudo o que ocorreu e ver se é possível contornar essa situação e reparar esses erros. 

Agora, questões mais pontuais em relação a Londrina. Existe uma previsão para o início da duplicação da PR-445, entre Londrina e Irerê? 

Por falar em PR-445, se você me permite eu quero partir do início. A maior obra que Londrina aguardava há muitas décadas era a duplicação da PR-445 no perímetro urbano. Eu assumi como compromisso meu. Tivemos problema de atraso, problemas na estrutura com rachaduras, mas nós ficamos ali vigilantes e hoje a obra está recuperada e entregue. Nós vamos fazer as obras até o trevo de Mauá, mas por trechos. O primeiro trecho agora até Guaravera e Irerê já está em licitação, o edital já foi lançado. E, nos próximos, quero anunciar lá em Londrina o vencedor das obras e dar a ordem de serviço para o início da duplicação. 

E o Jardim Botânico de Londrina, existe uma previsão para retomada das obras? 

Abrimos vários espaços para visitação das pessoas. O projeto está pronto, desta nova etapa das obras, e o processo de licitação vai até 20 de fevereiro. Eu vou além até, acho que dá para desafiar, não teve governo no Paraná que investiu tanto em Londrina quanto o meu. E eu lanço esse desafio. 

Como o senhor avalia as operações Publicano e Valor? 

Eu não gostaria de fazer avaliações. Mas que houve excesso ali, houve. Eu não posso imaginar 60 ou 70 auditores fiscais presos. Pessoas aposentadas, pessoas de idade, foram execradas, algemadas. Depois, as instâncias superiores da Justiça botaram essas pessoas em liberdade por absoluta falta de provas para a prisão, uma situação extrema, uma desonra a pessoas, uma desonra a famílias. Não estou dizendo que a operação não deveria ocorrer, não me entendam mal. Acho que todo indício deve ser investigado. As pessoas têm honra a ser defendida, se não há provas, não se pode partir para uma situação extrema, só isso que eu ponderaria. 

O mundo político dá voltas, Greca foi aliado, virou adversário, hoje é aliado novamente. Como está sua relação com Osmar Dias e Gustavo Fruet? 

O Gustavo eu não vi mais, nunca mais, nem notícias tive. O Gustavo eu lamentei o fato dele ao não ser o indicado do nosso partido, ou melhor, ele que optou em sair. Nós tínhamos o Luciano Ducci e o Gustavo, que tinham interesse em ser candidato. Fizemos uma proposta muito democrática, muito apropriada, de quem estivesse melhor nas pesquisas, mas o Gustavo se apressou em sair e se unir com o PT, aqueles que ele recriminava o tempo todo. Lamento esse comportamento dele. O Osmar Dias também já há mais de anos não tenho nenhum contato. Ele tem conversado com algumas pessoas do meu grupo, meu chefe da Casa Civil, mas não tive contato. 

Por fim, qual é o balanço desses oito anos de gestão? 

O balanço é extremamente positivo. Peguei um governo totalmente desorganizado e esse é o estilo do ex-governador que tocava o governo na gritaria, nas bravatas, palavras de ordem, aquele estilo atabalhoado, e não se preocupou com a questão administrativa, tocou iminentemente de forma política. Me deixou o governo com R$ 3,5 bilhões de dívidas e nós saneamos todas as finanças, estruturamos o governo, modernizamos o governo. Copel, Sanepar e Porto de Paranaguá estavam desestruturados. E eu posso exemplificar com dados concretos, porque ele fala com uma facilidade tremenda e não fica nem vermelho quando mente. Eu apresento dados, entidades de respeito e conceituadas que atestam esses números. A Sanepar, por exemplo, foi reconhecida nos últimos anos como a melhor companhia de saneamento do país pelo Instituto Trata Brasil. A Copel nos últimos cinco anos foi apontada a melhor distribuidora de energia do país pela Abradi e, há cerca de um mês, foi reconhecida em Medelín como a da América Latina. Eu não trabalho com populismo fiscal, não trabalho com demagogia, faço o que é preciso ser feito. Estou aqui governando o Paraná sem olhar a próxima eleição.

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AOS 29/01/18

ÀS 08:04

FOTO/ANPR

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