Perigo constante. Cadeia Pública de Cambé está prestes a explodir

O gazeteiro Rafael Machado informa que o “barril de pólvora” de Cambé, também conhecido como delegacia pelos servidores que por lá trabalham, ficou com mais chance ainda de provocar estragos de grandes proporções depois da Operação Égide, deflagrada na semana passada pela Polícia Civil. A investigação teve como alvos três quadrilhas suspeitas de homicídios, tráfico de drogas e roubo de carros e residências. A força-tarefa cumpriu 47 mandados de prisão preventiva em Londrina e Cambé. Deste número, 14 eram para pessoas já detidas em penitenciárias da região e o restante para aqueles que estavam em liberdade.

Segundo o jornalista, que assina a matéria publicada na edição desta sexta-feira (30/03), depois dos resultados apresentados à imprensa em uma entrevista coletiva na Câmara de Vereadores da cidade – solenidade que contou com a presença do secretário de Segurança Pública, Júlio Reis – veio a incômoda pergunta: para onde levar todos os presos? A saída foi ajeitar os flagranteados no presídio de Cambé. O problema é que o local já respirava por aparelhos. Pelas contas do delegado do município, Roberto Fernandes de Lima, a unidade comportava 180 encarcerados antes da operação policial. Após o trabalho de campo, o número de detentos subiu para 226, sendo 125 condenados pela Justiça e 101 preventivos. Detalhe: são apenas 54 vagas.
Saulo Ohara/Grupo Folha

Saulo Ohara/Grupo Folha

O cenário comprometedor e de altíssima periculosidade sensibilizou a juíza criminal de Cambé, Jessica Valéria Catabriga Guarnier. Na sexta passada, ela encaminhou um ofício ao juiz da VEP (Vara de Execuções Penais), Katsujo Nakadomari, pedindo prioridade na transferência de presos sentenciados para o sistema prisional de Londrina. “Tal solicitação se faz necessária pelas operações (Égide) que ocorreram no último dia 21. O fato aumentou consideravelmente a quantidade de presos preventivos, deixando a situação ainda mais perigosa e insustentável, com ameaças de rebeliões, colocando em risco a vida dos que lá trabalham”, escreve a magistrada. No mesmo despacho, ela enviou uma lista com todos os nomes dos condenados. A reportagem não conseguiu contato com a Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública).

Procurado pela reportagem, o delegado de Cambé adiantou que ninguém desse grupo havia sido retirado da cadeia municipal. Em janeiro, a Justiça tinha se manifestado sobre a mesma questão. O juiz Renato Cruz de Oliveira Júnior determinou a recolocação imediata de 15 homens. Na época, a decisão se deu em favor de uma rebelião que danificou parte da estrutura da unidade. Os detentos queimaram colchões, mas dois tiveram queimaduras graves e foram levados ao Centro de Queimados do HU (Hospital Universitário). Oito deles aproveitaram a confusão e fugiram, mas todos terminaram recapturados semanas depois.

30/03/18 – 05:11

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