O grande Paulo Diniz, artista do maior quilate, que tocávamos na nossa antiga e saudosa Rádio Emissora de Cambé, morreu nesta quarta-feira (23/06/22) aos 82 anos em Recife, cidade onde morava há muitos anos. Nascido no agreste Pernambucano, em Pesqueira, Diniz gravou uma série de álbuns, hoje cultuados, onde fundia o samba, o romantismo e os ritmos nordestinos com o soul, rock e a psicodélica. Temos as gravações dos maiores sucessos do nosso Paulo Diniz.
Ele começou ainda nos anos 60 quando gravou um interessante disco que mesmo fincado na sonoridade da Jovem Guarda abria espaço para outros gêneros e misturas de estilos (“Brasil, Brasa e Braseiro”, de 1967). Desse disco, saiu o sucesso O Chorão e uma canção pioneira no trato da temática racial (Só Que a Minha Pele É Negra”). Outra música traz uma das primeiras, se não a primeira, menção ao ácido lisérgico na nossa música (“eu quero só dizer uma verdade pra você, na raça e na coragem sem tomar LSD”, em “Quero Ter Um Tigre Em Mim”).
O segundo álbum só saiu em 1970 e trazia um músico radicalmente diferente. “Quero Voltar Pra Bahia” tinha pegada mais roqueira e sua faixa título, do refrão “I don’t want to stay here, I wanna to go back to Bahia”, se transformou em sucesso nacional.
O LP seguinte, de 1971, traria aquela que se tornou sua música mais conhecida e regravada: a balada soul “Pingos de Amor”. Nos trabalhos seguintes ele colocaria música em uma série de poemas clássicos da língua portuguesa, como “José”, baseado em Carlos Drummond de Andrade.
Terminada a fase de sucesso popular, o cantor voltou para o Recife. Nos anos 80 ele contraiu esquistossomose e passou a sofrer com as sequelas da doença, que o deixaram paralisado.
No século 21 Diniz foi redescoberto por uma nova geração de fãs e artistas. Depois de quase duas décadas longe do estúdio ele lançou o CD “Reviravolta”, que acabou sendo seu derradeiro trabalho, e voltou a fazer shows, ainda que esporádicos, dado o seu estado de saúde.