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Pacientes de diálise, nefrologistas e clínicas fazem campanha pedindo cofinanciamento pelo Governo do Paraná

A Sociedade Paranaense de Nefrologia, e a Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), que representa 33 clínicas de diálise no Paraná, onde cerca de 7 mil pacientes recebem o tratamento que lhes garante a vida pelo SUS, estão em campanha para solicitar ao governo estadual que complemente a verba federal destinada ao financiamento dos serviços que garantem a oferta da diálise.

Dez estados do Brasil e o Distrito Federal já cofinanciam a Diálise, entre eles Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul, Amazonas, e Mato Grosso.

Um abaixo assinado será entregue ao secretário de saúde solicitando que o Paraná adote a mesma ação. O orçamento necessário é de apenas R$ 5 milhões mensais.

“Temos assistido a um agravamento da saúde renal da população, sobretudo dos que estão sendo acometidos por diabetes e hipertensão, doenças que causam 60% das lesões renais crônicas. Após a Covid, a doença renal vem crescendo vertiginosamente numa taxa de 5% a 10% ao ano e nós estimamos que em nosso estado 1,2 milhão pessoas já sofrem de doença renal em estágios iniciais enquanto a doença avança de forma silenciosa. Se essas pessoas não receberem o devido acompanhamento, muitas delas se tornam renais crônicas e passarão a depender da diálise ou de transplante para sobreviver.

Mas as clínicas estão sem capacidade de abrir novas vagas, recebendo apenas R$240 por sessão de diálise, sendo que a sessão já custa entre R$310 e R$340.

A defasagem da tabela SUS consequente à não correção de valores pelo Ministério da Saúde e a falta de cofinanciamento pelo estado do Paraná estão prejudicando a prestação de serviço de forma avassaladora. “Há pacientes, por exemplo, sendo tratados internados em hospitais, tendo um risco muito maior de adquirir infecções e com custos muito elevados por falta de novas vagas nas clínicas”, revela o médico e administrador hospitalar Ricardo Akel, vice-presidente Paraná da ABCDT – Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante.

Sueli Ramos dos Santos Gevert, sócia-proprietária do Instituto do Rim de Ivaiporã,  uma clínica que atende  150 pacientes de 20 municípios do Vale do Ivaí há 29 anos, diz que está passando por uma das piores fases financeiras no setor da hemodiálise. “Nós estamos reunidos com todas as clínicas do Paraná, pedindo ao governo do nosso estado, que é um estado tão bom, onde a saúde vai bem, mas a diálise está num momento de dificuldade financeira. Esse cofinanciamento que estamos pedindo já foi adotado por seis estados no Brasil para ajudar nas clínicas. Muitas das clínicas no estado já não têm mais vagas. Nós já estamos extrapolados também e não podemos abrir o quarto turno, porque isso vai gerar uma despesa maior com médicos, enfermeiros e todas as despesas. A hemodiálise precisa desse socorro.”

Sueli Ramos dos Santos Gevert, sócia-proprietária do Instituto do Rim de Ivaiporã

A paciente Talísia Silva (sobrenome fictício a pedido da paciente), de 36 anos, completou 4 anos em hemodiálise e se diz apreensiva com a situação financeira ruim de sua clínica. “Quando recebi o diagnóstico foi muito complicado, porque a primeira impressão que vem é de morte, de fim de vida. E de fato, muitas coisas são interrompidas. Eu tive que parar de trabalhar, perdi muitas amizades. Mas depois de um tempo vi  com outros olhos, como uma oportunidade, uma segunda chance que tive de continuar sonhando. Estou viva graças à hemodiálise e posso ver minha filha crescer. Para quem é doente renal, não tem como viver sem ela. E minha tranquilidade é ter esse tratamento pelo SUS. Então, a hemodiálise não pode parar, porque é ela que me permite acordar todos os dias, estar bem, viver a minha vida e ter novas oportunidades que eu pensava que estavam acabadas”.

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