LUIZ ABI.001

Oficina Mecânica, que seria de propriedade do primo de Beto Richa, Luiz Abi Antoun, faria parte de fraude em licitação. MP ajuizou ação por improbidade administrativa

Quase três anos após a deflagração da Operação Voldemort, em março de 2015, o Ministério Público ajuizou ação por ato de improbidade administrativa contra os acusados de terem fraudado licitação. Em dezembro de 2014, houve a contratação, pelo Estado, da oficina mecânica Providence, de Cambé. Esta seria de propriedade de Luiz Abi Antoun, parente distante do governador Beto Richa (PSDB), porém, estava em nome de um “laranja”, o mecânico Ismar Ieger. As informações são da jornalista Loriane Comeli da Folha de Londrina.

A ação, assinada pelas promotoras Luciane Evelyn Cleto Melluso T. Freitas e Daniela Saviani Lemos, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Curitiba, foi protocolada em 13 de dezembro e liminar para suspender o contrato foi deferida no dia seguinte pelo juiz substituto da 1ª Vara da Fazenda Pública da capital, Ernani Mendes Silva Filho. 

São réus, além de Abi e Ieger, Ernani Delicato, ex-diretor do Deto (Departamento de Transporte Oficial), órgão onde a licitação fraudada ocorreu; o advogado José Carlos Lucca, o empresário Paulo Roberto Dias Midauar, Roberto Tsuneda, sócio de Abi, e o policial militar Ricardo Baptista da Silva e a oficina Providence.

O magistrado indeferiu o pedido de bloqueio de bens no valor de R$ 299 mil – total de serviços executados pela Providence, conforme notas fiscais emitidas pela oficina – com o argumento de que tal valor não foi pago pelo governo. Na mesma decisão, o juiz expediu carta precatória para Londrina, onde reside a maior parte dos réus. 

Na ação, as promotoras pedem a condenação do réus por violação dos princípios administrativos, enriquecimento ilícito e condutas que causam danos ao erário. As penas previstas na Lei de Improbidade são o ressarcimento, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, além de multa civil. 

“Demonstrada restou a violação aos princípios administrativos, sejam eles, neste caso, a honestidade, impessoalidade, legalidade e moralidade”, escreveram as promotoras. Adiante, anotam que “emerge evidente a demonstração de dolo dos agentes”. Em relação a Abi, elas consideram que ele “com evidente má-fé concorreu para a prática e beneficiou-se da improbidade administrativa”. 

CRIME 
Pelo mesmo fato, os réus foram condenados na esfera criminal. Em agosto de 2016, o juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, sentenciou Abi a 13 anos de prisão e ao pagamento de multa de mais de R$ 190 mil, sob o entendimento de que Abi era, de fato, o dono da oficina, e liderou a organização criminosa que fraudou a licitação. Os crimes apurados foram organização criminosa, fraude em licitação e falsidade ideológica. 

Aos demais foram aplicadas penas de dois a seis anos de prisão. Todos recorrem em liberdade. A apelação ainda não foi julgada pelo Tribunal de Justiça. Ao ser deflagrada a Voldemort, em março de 2015, Abi e outros investigados chegaram a ser presos preventivamente. O empresário também responde ao processo relativo à fase dois da Publicano, operação deflagrada na mesma época em que a Voldemort para apurar um esquema de corrupção na Receita Estadual, onde o parente distante de Beto também exerceria influência, segundo o MP. 

Neste caso, Abi teria intermediado a cobrança de propina de empresários para repassar à campanha de reeleição do governador, em 2014. Este processo está suspenso, aguardando decisão de mérito do STF (Supremo Tribunal Federal). 

A reportagem telefonou para o escritório ou celular dos advogados de todos os réus, mas não os encontrou. Em entrevistas anteriores, negaram qualquer ilicitude praticada por seus clientes. (Colaborou Guilherme Marconi)

PUBLICADA ÀS 05:47 – 04/01/18
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