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Quando os números incomodam. Com menos de 5%, em fevereiro, nunca ninguém venceu uma eleição para presidente no país

A gazeteira Sabrina Freire assina matéria publicada nesta quarta-feira (14/02), no site Congresso em Foco, dando conta que o histórico das 7 eleições presidenciais brasileiras pós-redemocratização indica que está errada a afirmação comum entre pré-candidatos de que “pesquisa agora não vale nada”. Na realidade, os levantamentos de intenção de voto mostram com clareza que políticos com menos de 5% em fevereiro nunca conseguiram ficar entre os 2 finalistas da disputa.

A lista com esse levantamento preparado pelo Poder360 está no final deste post.

Quando se considera tudo o que aconteceu no mês de março em anos eleitorais passados (1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014), o percentual mínimo do vitorioso sobe para 19%.

Não há dados disponíveis e confiáveis sobre eleições anteriores à ditadura militar para se fazer uma análise semelhante.

Se a lógica estatística das disputas pós-redemocratização vier a ser repetida em 2018, pelo menos 11 nomes serão expelidos do processo por falta de competitividade.

Eis o que mostra a pesquisa do DataPoder360, realizada de 8 a 11 de dezembro (clique na imagem para ampliar):

Em 1 cenário diferente, pesquisa do Datafolha realizada em 29 e 30 de janeiro de 2018 revela ainda mais candidatos abaixo de 5%. O quadro a seguir mostra os nomes em ordem alfabética. Para reordenar a tabela pelos percentuais, clique em “% mínimo” ou “% máximo”:

Como se observa, há 10 nomes nas pesquisas recentes que não podem ser considerados competitivos –pois estão abaixo de 5% das intenções de voto neste início de fevereiro.

Embora nenhuma empresa de pesquisa tenha realizado e publicado levantamento agora em fevereiro, é improvável que algum dos nomes menos populares possa ter disparado e passado dos 5% nas últimas duas semanas.

Os 10 que hoje têm menos de 5% das intenções de voto são estes: Alvaro Dias (Podemos), Fernando Collor (PTC), Guilherme Boulos (sem partido), Henrique Meirelles (PSD), Jaques Wagner (PT), João Amoêdo (Novo), Manuela D´Ávila (PC do B), Michel Temer (MDB), Paulo Rabello (PSC) e Rodrigo Maia (DEM)

Hoje, há 3 categorias de candidatos quando se considera o que se passou nas 7 eleições presidenciais de 1989 para cá:

1) competitivos – quem tem mais de 5% e pode mais adiante se viabilizar. Aí estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que nem deve ser candidato porque foi condenado em 2ª Instância a 12 anos e 1 mês de prisão), Jair Bolsonaro (PSC), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e o empresário e apresentador de TV Luciano Huck (sem partido).

2) incógnitas – quem chega a 5%, mas daí não passou neste momento. Há 2 nomes nessa categoria: o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa (sem partido).

3) nanocandidatos – os 10 que não chegam a 5% nas pesquisas de intenção de voto agora e dificilmente terão perto de 19% em março (esses 10 estão listados aqui acima neste post).

AS 7 ELEIÇÕES DESDE 1989

Analisando as pesquisas de intenções de voto de janeiro, fevereiro e março dos últimos 7 anos eleitorais, observa-se que somente 1 candidato com 5% de intenção de voto em fevereiro acabou vencendo a disputa. Foi o caso de Fernando Collor, então filiado ao PRN, em 1989.

O ex-presidente Collor alcançou 5% das intenções de voto em fevereiro daquele ano. Subiu para 7% em março, de acordo com pesquisa Ibope. No 1º turno, Collor superou Lula (PT), que liderava as pesquisas no início de 1989. O presidenciável alcançou 30,47% dos votos válidos, contra 17,18% dos votos recebidos pelo petista.

Já no 2º turno, Collor conquistou o Planalto com 53,03% dos votos válidos, contra 46,97% de Lula.

Em 1994, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também protagonizou uma campanha de crescimento nas intenções de voto. O tucano pontuava 8% em janeiro e 7% em fevereiro. Em março, registrou crescimento significativo. Chegou a 19% das intenções de voto contra 37% de Lula –o petista era então o líder das pesquisas naquele momento em 1994.

No dia da eleição, FHC venceu com 54,24% dos votos válidos no 1º turno. Lula obteve 27,07% dos votos.

Eis abaixo o percentual dos finalistas das 7 eleições pós redemocratização nas pesquisas do 1º trimestre. Eis como estavam os candidatos nas disputas anteriores (clique na imagem para ampliar):

ELEIÇÕES 2018

O próximo a ocupar a cadeira do Palácio do Planalto poderá ser eleito já no dia 07 de outubro, no 1º turno. Caso não haja 1 candidato com pelo menos 50% mais 1 dos votos válidos, os 2 finalistas disputam o 2º turno no dia 28 de outubro.

Conheça o calendário eleitoral de 2018.

É errado comparar a disputa de 2108 com as outras 7 do atual período democrático. Cada eleição tem suas características próprias.

Tem sido comum dizer que a disputa de 1989 seria semelhante à atual, mas há uma diferença fundamental. Para começar, aquela de quase 30 anos atrás foi uma “eleição solteira”, só para presidente. Agora, há também a escolha de novos deputados federais, senadores, deputados estaduais, distritais e governadores. O político que concorre ao Planalto precisa amarrar alianças amplas, nos 26 Estados e no Distrito Federal.

Há, é verdade, uma tendência de pulverização de candidaturas neste momento –como em 1989, quando mais de 20 políticos estavam na disputa.

Neste ano de 2018, vários partidos acreditam que seja necessário ter 1 nome na corrida presidencial para que o número da sigla seja fixado e isso ajude na conquista de mais cadeiras no Congresso.

É que passou a valer nesta eleição a cláusula de desempenho. Neste ano, os partidos precisam ter, pelo menos, 1,5% dos votos para deputado federal em todo o país. Esse percentual vai aumentar gradualmente até 2030, quando ser de 3%. Siglas que não atingirem essas taxas serão impedidas de ter acesso ao Fundo Partidário, ao tempo de TV e rádio e ao “funcionamento parlamentar” no Congresso. Seriam siglas quase fantasmas.

O lançamento de candidatos a presidente, entretanto, não significa que muitas siglas terão chance de vitória em outubro na eleição presidencial. Por ora, tudo indica que prevalecerão os nomes mais competitivos, que hoje são os que já demonstram alguma viabilidade nas pesquisas –como foi em todas as disputas anteriores.

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AOS 14/02/18

ÀS 08:53

FOTO/ILUSTRAÇÃO CONGRESSO EM FOCO

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