A informação está no site AOS FATOS, que checa tudo que sai nas redes sociais.
Conforme reportagem assinada pela jornalista Ethel Rudnitzki, anúncios no Facebook e no Instagram que divulgavam falsos auxílios financeiros ou programas de renegociação de dívidas, a fim de enganar usuários e obter dados e dinheiro de forma ilegal, renderam mais de R$ 3,8 milhões para a Meta nos últimos três meses. O valor representa 11,5% da receita declarada pela empresa com anúncios sobre “temas sociais, eleições ou política” no período (R$ 32,6 milhões).
A maior parte dos anúncios divulga um golpe que anuncia um suposto programa de renegociação de dívidas do Feirão Limpa Nome do Serasa. Acompanhados de diferentes banners e vídeos, os posts redirecionam o usuário a um site que imita a identidade visual do g1 e então a um chatbot que simula o canal oficial de WhatsApp do Serasa usando imagens e áudios de campanhas antigas do Feirão Limpa Nome.
De posse do nome e do número de CPF do usuário, o chatbot encaminha uma proposta de renegociação no valor de R$ 117,90. Ao fim do processo, o indivíduo é levado a uma plataforma de pagamentos não relacionada ao Serasa, onde é gerado um QR code para pagamento via Pix. O valor de R$ 117,90 é fixo, independentemente do valor da dívida.
O golpe, que circula nas redes em diferentes versões pelo menos desde agosto do ano passado, já foi desmentido pelo Aos Fatos. Apesar disso, posts patrocinados com esse teor seguem disponíveis nas plataformas: anúncios sobre o tema foram veiculados entre outubro de 2023 e janeiro de 2024.
Em julho do ano passado, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) publicou uma medida cautelar contra a Meta pedindo a remoção de anúncios que aplicavam golpes usando o nome do programa Desenrola Brasil, do governo federal. Como os anúncios continuaram no ar, em novembro, o órgão determinou a aplicação de multa de pelo menos R$ 9,3 milhões — correspondente a R$ 150 mil por dia de descumprimento da determinação anterior — e, em dezembro, instaurou processo administrativo contra a empresa, que está em andamento.
Também foram identificados anúncios que promovem um falso programa do governo federal e do Banco Central para o resgate de valores esquecidos em bancos, conhecido como “saque social”. O golpe redireciona o usuário a uma página que solicita nome completo, data de nascimento, nome da mãe e número de CPF antes de exigir o pagamento de uma suposta taxa de transferência.
Não é de hoje que anúncios de golpes e fraudes circulam no Facebook. Em setembro de 2023, o Aos Fatos denunciou a proliferação desse tipo de post na rede. A reportagem tratou de anúncios veiculados sem o selo de “temas sociais, eleições ou política” — e que, portanto, não forneciam informações de custo ou de alcance claros, apenas estimativas.
Na época, a Meta afirmou que não permitia quaisquer atividades que violassem os padrões da comunidade ou publicidade e recomendou que usuários denunciassem o conteúdo que violava as diretrizes.