Eleições 2024
Em Curitiba, candidatura própria do PT para defender Lula e um programa a favor da maioria da cidade – Por Milton Alves
As eleições municipais de 2024 acontecerão num cenário marcado pela polarização política com a tentativa de rearticulação da extrema direita. Também incide nelas, a acumulação de forças para o pleito de 2026, o que torna incontornável a sua “nacionalização”.
Resolução do Diretório Nacional indica que “somos um partido nacional, temos um projeto de país… precisamos consolidar uma Frente Democrática e Popular para implementar um Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil, com políticas estruturantes e transformadoras nos municípios brasileiros”.
Neste sentido, devemos apresentar ao eleitorado uma agenda antineoliberal, ligando os problemas locais com as questões nacionais que entravam e sufocam o desenvolvimento dos municípios: teto de gastos, privatizações, precarizações e terceirizações. É preciso democratizar e humanizar a vida nas cidades com políticas sociais de inclusão, moradia popular, adoção progressiva da tarifa zero, criação de uma frota pública de ônibus, fortalecer o SUS nos territórios, atividades culturais e de lazer na periferia, controle público do ICI, zerar a fila de vagas nas creches do município, entre outras propostas populares.
Candidatura própria, uma construção
O PT de Curitiba enfrenta um intenso debate interno entre uma candidatura própria e o apoio a Luciano Ducci (PSB), amplamente rejeitado pela base do partido. A trajetória de Ducci (vice de Beto Richa e prefeito interino por um período) colide frontalmente com as posições do PT.
O atual deputado federal apoiou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, apoiou a Operação Lava-Jato, votou contra os trabalhadores em todos os projetos de privatização e retirada de direitos. Mais recentemente, votou no Marco Temporal, contra os povos indígenas.
O PSB, partido alugado por Ducci, integra no Paraná a base de apoio de Ratinho Jr., aliado de Bolsonaro, além de manter cargos na gestão de Rafael Greca, o atual prefeito.
A militância petista, que sustentou um duro combate ao lavajatismo e ao bolsonarismo, foi responsável pela vigília de 580 dias em defesa da liberdade do presidente Lula, quando Ducci somava forças com os nossos algozes. Vem daí, compreensivelmente, a saudável rejeição à aliança com Ducci.
O PT de Curitiba apresenta uma fase de crescimento e renovação de quadros, nas diversas esferas. Carol Dartora e Tadeu Veneri (Câmara Federal), Renato Freitas, Maurício Requião e Ana Júlia (Assembleia Legislativa). Reeleito para a Câmara Federal, Zeca Dirceu é pré-candidato a prefeito, ao lado de Carol Dartora e do advogado Felipe Magal Mongruel.
Uma candidatura própria – petista, lulista e popular -, é o melhor caminho para defender as conquistas e legados do governo do presidente Lula. Também é a melhor opção para enfrentarmos o bloco político que comanda a gestão da Prefeitura, a serviço das corporações imobiliárias, das empresas de ônibus, zeladoria e limpeza, da gestão privada de dados. Ou seja, uma Curitiba organizada como a capital dos lucrativos negócios privados com base no controle do orçamento público, enriquecendo uma minoria de famílias de privilegiados.
A militância do PT quer abrir uma nova perspectiva na cidade, contribuindo para a derrota das forças antidemocráticas e neoliberais no país.
A militância petista quer uma campanha para dialogar com povo trabalhador da cidade, com os negros e negras, com a juventude, com a população em situação de rua, com a comunidade LGBTQQICAAPF2K+, com o mundo da cultura e a intelectualidade, com os pequenos comerciantes e ambulantes, com os religiosos.
A candidatura própria reforça e projeta o PT curitibano para o futuro. Acredite!
*Jornalista, escritor e pós-graduando em Ciência Política. Militante do PT de Curitiba. Autor de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Editora Kotter, 2022], entre outras obras. É colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda.