A dinheirama que o estado do Paraná tem conseguido através empréstimos para atender obras de infraestrutura, vem causando “beicinhos” entre o governo do estado e parlamentares que atuam na Câmara Federal.
Dias atrás, a união assinou uma papelada para avalizar empréstimos junto a instituições financeiras internacionais contraídos pelo Governo do Paraná. Na hora de contar vantagem no interior do estado, a turma do Beto Richa, para garantir apoios em futuras disputas eleitorais, diz “O Beto é isso e aquilo, conseguiu o dinheiro para atender nosso povo”, esquecendo-se de dizer que, na verdade, sem o apoio dos deputados federais, a “bufunfa” não chegaria.
E por falar em grana levantada através de “papagaios” internacionais, a Gazetona mostra reportagem na edição desta segunda-feira (18/12), em que o nível de endividamento do Paraná caiu pela metade na última década, consequência direta da recessão que assolou o Brasil nos últimos anos. Para os otimistas, isso significa que há margem para o estado conseguir novos empréstimos e investir em obras e infraestrutura. A equipe de Beto Richa (PSDB) conta com isso: o Paraná é o estado que obteve o maior volume de financiamentos avalizados pelo Tesouro Nacional em 2017. Foram quatro operações, que totalizam cerca de R$ 2,7 bilhões.
A maior parte disso, porém, diz respeito à renegociação de uma dívida de R$ 1,4 bilhão com a Copel, segundo relatório do Sistema de Análise da Dívida Pública (Sadipem). Outros R$ 344 milhões se referem à repactuação de uma dívida firmada em 2014 com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para liquidação do Badep. Já R$ 984 milhões são destinados a investimentos em infraestrutura. Não é tanto quanto o que o estado do Ceará pretende aplicar em obras – com a liberação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão, por exemplo –, mas rever juros de contratos antigos vai ajudar as finanças do Paraná.
Como complemento, o governo busca empréstimos para as estatais. Na semana passada, o governador Beto Richa esteve em Berlim para assinar um financiamento de 50 milhões de euros para a Sanepar – mas esses valores não compõem os indicadores de endividamento para fins de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Por muitos anos, a gestão de Richa reclamou do que considerava tratamento desigual do governo federal, que não estaria liberando empréstimos por questões partidárias. Mas os dados do Sadipem não comprovam isso. Entre 2011 e 2014, o governo Richa apresentou 10 pedidos de financiamento ao Tesouro Nacional, à época sob a tutela da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Desses, um foi deferido e quatro encaminhados com parecer favorável – uma taxa positiva de 50%. Na mesma época, Minas Gerais, sob o comando do tucano Antonio Anastasia, fez 13 pedidos, dos quais dois deferidos e oito encaminhados favoravelmente (taxa favorável de 77%); o Rio Grande do Sul, do petista Tarso Genro, teve desempenho melhor: de 15 pedidos, 14 foram avalizados (taxa de 93%). Mas esse percentual está bem próximo ao de São Paulo, governado por Geraldo Alckmin (PSDB): de 28 pedidos no período, 26 foram avalizados (92%).
Se as questões partidárias não foram determinantes, uma coisa é certa: o Paraná saiu ganhando. A União, nos anos de crescimento econômico, deu aval a muitos empréstimos sem as devidas garantias, o que contribuiu para a situação de insolvência de muitos estados. Atualmente, as obrigações financeiras do Rio de Janeiro, por exemplo, equivalem a 2.777% da disponibilidade de caixa daquele estado; no Rio Grande do Sul, esse índice é de 624%; em São Paulo, 77%; e no Paraná, 47%.
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PUBLICADA ÀS 06:20 – 18/12/17
Beto Richa continua correndo atrás de empréstimos. Aprovados os “papagaios”, vale dizer que os deputados federais foram partícipes da conquista