A gazeteira Bela Megalea, em reportagem publicada no site do jornal O Globo, informa que assim como a cadeia de Benfica, no Rio, o novo destino do ex-governador Sérgio Cabral tem histórico de regalias usufruídas por presos da Lava-Jato. Localizado em Pinhais (PR), o Complexo Médico-Penal (CMP) é o presídio que recebe desde 2015 detentos da operação que não fizeram acordos de delação premiada, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Serviços de podóloga e uso de bicicleta ergométrica foram alguns dos privilégios do presídio, segundo relatos de quem já passou por lá, além de investigações internas.
O ex-deputado Pedro Corrêa, por exemplo, foi um dos presos que usufruíram dos serviços da manicure, que atendeu também o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, além de executivos da Andrade Gutierrez e da Odebrecht. A manicure cobrava de cada cliente cerca de R$ 250, e os advogados quitavam a conta. A mordomia, porém, durou pouco. O caso foi denunciado e culminou em um processo administrativo contra o diretor do presídio à época, Marcos Müller, que liberou a entrada da profissional. Ele foi afastado do cargo, mas acabou absolvido.
Alguns presos aficionados por atividades físicas, como o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, conseguiram outros benefícios, como fazer exercícios em uma bicicleta ergométrica destinada a detentos que precisavam de fisioterapia. A regalia se estendia para dentro das celas.
Todas as celas da sexta ala, onde estão os réus da Lava-Jato, são equipadas com televisão, rádio, além do chamado “rabo de gato”, uma espécie de fio desencapado em que passa a corrente elétrica usada para aquecer água e comida. Alimentos como queijos importados, chocolates suíços e frutas cristalizadas, que são proibidos, também foram encontrados em vistorias no local.
Outro conforto do CMP é o banho quente, uma raridade em presídios do Paraná, onde a temperatura pode atingir graus negativos. O mimo se deve ao empreiteiro da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, que doou uma caldeira para aquecer a água do presídio depois de ficar detido por lá durante o inverno.