A reportagem é da jornalista Luiza Belloni e foi publicada no HuffPost Brasil.
Ser mulher negra no Brasil é estar mais suscetível à violência doméstica, preconceito racial e ainda ganhar cerca de 43% menos que um homem branco, mesmo ambos com graduação. De acordo com o estudo “O Desafio da Inclusão”, elaborado pelo Instituto Locomotiva, com dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), as mulheres negras têm a menor renda entre os trabalhadores com ensino superior.
Enquanto a renda média do homem branco que têm superior completo é de R$ 6.702, o homem negro graduado ganha R$ 4.810 — 29% menos que o branco. Já a mulher branca, também graduada, ganha uma média salarial de R$ 3.981 e, por último, a mulher negra com ensino superior ganha salário médio de R$ 2.918, 27% menos que a mulher branca.
Tal desigualdade salarial entre brancos e negros e entre os sexos representa um prejuízo bilionário. Segundo o Locomotiva, todos os anos, são desperdiçados R$ 808,83 bilhões que poderiam estar no mercado.
Além do salário menor, os negros no Brasil também enfrentam uma série de barreiras para se inserirem no mercado de trabalho. Mais de 90% dos entrevistados nunca fizeram um curso de idioma e 60% nunca receberam nenhum tipo de qualificação profissional.
O velho racismo camuflado
Apesar de 93% dos brasileiros concordarem que “existe racismo no Brasil”, apenas 3% declararam abertamente que preferem evitar conviver com negros.
Parte deste preconceito está estampado na TV e na publicidade brasileira. Mesmo sendo maioria da população, mais de 90% dos protagonistas de campanhas publicitárias são brancos.
Além disso, 72% dos brasileiros negros afirmam que as pessoas que aparecem nas propagandas costumam ser muito diferentes deles e apenas 6% dos negros se sentem adequadamente representados na TV.
“Vejam, não estamos falando de nicho ou segmento, mas da maioria da população brasileira, já que 55% dos brasileiros se identificam como negros. A disparidade salarial entre brancos e negros causa uma perda de R$ 808 bilhões por ano ao mercado”, afirmou o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.