A reportagem é do jornalista Airton Donizete feita especialmente para a Folha de São Paulo.
Segundo a reportagem, Luiz Fukomoto preserva filete de água que se transforma no rio Pirapó, que tem 164 km de extensão e chega à Maringá, cidade de 400 mil habitantes, uma das principais do norte do Paraná. Fukomoto se compara à história presente no livro “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway, em que o personagem principal luta para tirar um peixe do mar. “Aqui, minha luta é para preservar uma nascente de água.”
Meus pais vieram do Japão e, nos anos 40, se instalaram em Apucarana, no norte do Paraná. A maioria dos colonizadores da região pensava em plantar café, que era o “ouro verde” da época.
Meu pai, não. Ele queria cultivar uma boa horta, então procurou uma propriedade que tivesse água. Teve sorte. Gostou de um dos primeiros terrenos que viu. Era um banhado, cheio de nascentes.
Construiu nossa primeira casa, de madeira, com paredes de peroba-rosa.
A maior nascente daqui, que forma o rio Pirapó, é embaixo do porão dessa nossa antiga casa.
Uma das coisas que aprendi com meu pai é o respeito e o amor pela natureza.
Ele cuidava de todas as nascentes de água que tinham aqui, mas a cidade foi crescendo, e o asfalto chegou.
Das nascentes, só ficou aquela debaixo da nossa antiga casa de madeira.
Sempre zelei por ela, preservando as plantas aquáticas que nasciam ao redor e não deixando soterrar o filete de água.
Assim ela se manteve e lá se vão 60 anos. Só mais tarde soube que era a nascente do rio Pirapó, que passou a abastecer Maringá, a uns 60 e poucos quilômetros daqui.