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Quando Michel Temer escreveu a carta em que dizia ser um “vice decorativo”, o ex-presidente Lula foi bater em sua casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo

Quando Michel Temer escreveu a carta em que dizia ser um “vice decorativo”, o ex-presidente Lula foi bater em sua casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo. A visita secreta tinha um objetivo: convencer o anfitrião a desistir do rompimento com a então presidente Dilma Rousseff.

“Tomamos um uísque juntos. Eu achei que tinha convencido o Temer. Convenci nada”, lamenta o petista.

A história está em “A Verdade Vencerá”, livro-entrevista que será lançado amanhã pela editora Boitempo. Como o título indica, o principal assunto é a defesa de Lula na Justiça. Mas a obra traz mais novidades quando ele fala sobre a queda da sucessora, há quase dois anos.

O ex-presidente faz um relato surpreendente da noite de 26 de outubro de 2014, quando Dilma se reelegeu. “Era a primeira vez que eu via uma pessoa ganhar triste, inquieta. A sensação que eu tive foi de que ela não tinha gostado de ganhar”, conta.

Nas semanas seguintes, Lula tentou emplacar Luiz Carlos Trabuco no Ministério da Fazenda. Dilma indicou que estava de acordo e viajou para a Austrália. “Para minha surpresa, ela volta com o (Joaquim) Levy embaixo do braço e não me comunica nada. Eu fiquei sabendo pela imprensa”, reclama o ex-presidente.

Para Lula, a aliada perdeu apoio no Congresso porque não soube lidar com os políticos e teve “pouca vontade” de aprender. “Muitas vezes ela não fazia aquilo que era simples fazer”, observa. “Nunca vi tanta unanimidade de deputados e senadores contra. Todo mundo reclamava”, conta. “Cheguei a dizer para a Dilma: Olha, você vai passar para a história como a única presidente que nem os ministros defenderam”.

Embora se refira ao processo como “golpe”, o ex-presidente deixa claro que a história seria diferente se o governo não tivesse sido tão inábil. “Pouca gente do nosso lado acreditava que ia haver impeachment. Muita gente dizia que eles não tinham coragem, que não havia clima para isso. E não foi por falta de aviso do (Eduardo) Cunha”.

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O líder do MBL, que se dizia um movimento de combate à corrupção, será candidato a deputado pelo antigo PFL.

O maestro Tom Jobim estava certo: o Brasil não é para principiantes.

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