Na boa, os fatos registrados em Londrina, em que policiais militares mataram dois jovens, um de 20 e outro de 16 anos, com 10 tiros, está dando o que falar.
O ato policial precisa ser esclarecido.
Imaginem se os policiais fizessem uso de câmera, muitas perguntas poderiam ser esclarecidas, mas, parece que as instituições de segurança têm medo de fazer uso dos equipamentos que filmam suas ações.
Ainda sobre os fatos, que revoltaram a população de Londrina, vimos deputados nas redes sociais, todos preocupadíssimos, batendo no peito “baderna, não”. Só não consegui ouvi-los pedir uma investigação séria sobre a morte dos rapazes.
Se continuar desse jeitão, o Paraná vai ganhar de São Paulo em número de assassinatos de cidadãos. Como se sabe, a Polícia do estado vizinho é do balacobaco. Qualquer coisinha, derruba…
DA REDE LUME:
Mães de jovens mortos pela polícia vão ao Gaeco
Elas pediram apoio para uma investigação imparcial das mortes de Kelvin e Wender, de 16 e 20 anos, ocorridas no fim de semana
Cecília França
Foto em destaque: Filipe Barbosa
As mães dos dois jovens mortos pela Polícia Militar no sábado (15), no Jardim Santiago, foram até o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público nesta terça-feira (18) pedir imparcialidade na investigação do caso. Wender Natan da Costa, de 20 anos, e Kelvin Willian Vieira dos Santos, de 16, foram mortos com vários disparos logo após saírem de uma conveniência. Segundo a polícia, eles estavam armados.
As mães, Sirlene e Vanessa, contestam e dizem que os filhos eram trabalhadores. Kelvin ainda estudava e tinha boas notas. O boletim escolar do adolescente foi uma das provas juntadas pela mãe na defesa, que está a cargo da advogada Iassodara Ribeiro.
Durante a reunião, o delegado do Gaeco, Ricardo Jorge Pereira Filho, explicou as atribuições do órgão e garantiu que acompanhará o desenrolar das investigações pela Polícia Civil, sem a necessidade de abertura de um inquérito independente. Participaram da reunião representantes da Ordem dos Advogados do Brasil-Subseção Londrina, do Centro de Direitos Humanos (CDH Londrina) e dos mandatos do deputado estadual Renato Freitas e do deputado federal Tadeu Veneri.
“Existe um processo instaurado (na Polícia Civil) e nada indica que ele não será desenvolvido”, afirmou o delegado. “O objetivo é provar se houve ou não confronto”.

O MP começou a agir no caso já na segunda-feira, por meio da titular da 24ª Promotoria, Susana de Lacerda, que era a plantonista no fim de semana. Ela encaminhou ofício ao Gaeco e ao delegado da Delegacia de Homicídios solicitando medidas.
Apoio popular
Em frente ao Ministério Público, dezenas de pessoas empunhavam faixas contra a violência policial e por justiça. Um dos participantes da manifestação já sentiu na pele a dor da perda repentina do filho. Adenilson Rodrigues de Jesus é pai de Cristiano, morto pela polícia de Londrina em abril de 2021.
Na época, a morte de Cristiano mobilizou populares. Moradores realizaram três dias de protesto, fechando a Avenida Dez de Dezembro. O caso, porém, acabou arquivado. Ele espera que haja outro desfecho para as mortes de Kelvin e Wender.
“Eu não tenho a filmagem do meu filho trabalhando, mas ele trabalhava comigo. Tem os patrões meus que viam ele trabalhando comigo. Agora aqui é diferente. Tem a filmagem dos meninos trabalhando, deles comprando a bebida. Se fossem ladrões, eles não iriam comprar, iriam roubar. Você não acha? Não tem lógica”, afirma.
Para Adenilson é preciso continuar com as manifestações, de forma pacífica.
“Eu nunca imaginei que isso ia chegar na minha casa; ela (referindo-se à mãe de Kelvin) nunca imaginou que isso iria chegar na casa dela. E se a gente não der voz, fazer um protesto pacífico, a gente não vai ser ouvido”, afirma.
As manifestações iniciadas no domingo seguiram hoje, na pracinha do bairro Nossa Senhora da Paz, a Favela da Bratac.
Do Blog Paçoca com Cebola:
Protesto também em frente à TV Cidade/Rede Massa
As mães dos dois jovens que foram mortos pela PM no último sábado, amigos e apoiadores fizeram um protesto agora há pouco em frente à TV Cidade/Rede Massa, em Londrina.
As mães reclamavam que o noticiário da emissora, em especial o Tribuna da Massa, conduzido pelo apresentador Macedão, não estava ouvindo todos os lados da história. A emissora pertence a familia do governador Ratinho Jr.
O apresentador, que estava fazendo o programa ao vivo, saiu da emissora para conversar com os manifestantes.
A mãe de Kelvin, uma das vítimas da ação, disse que queria justiça, que a investigação fosse feita por um grupo neutro e não pela própria PM. Também denunciou que foi agredida por um policial, mostrou a marca na perna provocada por um tiro de bala de borracha.
O apresentador disse que o programa estava, sim, ouvindo todos os lados da história e que entrevistou o Secretário de Segurança do Paraná, coronel Hudson, que prometeu uma investigação isenta.
“Nós queremos uma polícia que cuide de nós, que nos proteja e não que nos agrida”, disse a mãe de Wendel, o outro jovem morto.