O levantamento foi feito por Aos Fatos a partir de bases de dados públicas. Nesse período, 97 prefeitos e vereadores foram mortos.
A reportagem analisou os dados mais recentes do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) do Ministério da Saúde em que a ocupação de cargo político foi indicada no registro de óbito. Foi incluído também o resultado da busca no noticiário sobre a morte de políticos para analisar os casos ocorridos entre 2016 a 2018.
Trata-se do segundo levantamento do tipo empreendido por Aos Fatos desde o assassinato, na penúltima quarta-feira (14), da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), no Rio. No último sábado, Aos Fatos mostrou que, entre 2007 e 2016, oito vereadores foram vítimas de homicídio no Estado do Rio de Janeiro. A Baixada Fluminense foi a região onde mais morreram vereadores no estado nos últimos 10 anos: foram quatro vítimas no total. O destaque negativo da região é Magé, onde ocorreram dois assassinatos.
Interior. Na perspectiva nacional, todavia, as cidades pequenas são o principal palco dos assassinatos. Desde 2007, apenas 5 de 97 assassinatos de políticos aconteceram em capitais.
Vereadores são as principais vítimas de homicídio de políticos: 85 casos. Foram 11 mortes de prefeitos e uma de um vice-prefeito. No período analisado, não foi encontrado registro de homicídio de deputados, senadores ou governadores.
Regiões. O ano de 2017 foi bastante violento para políticos: quatro prefeitos foram assassinados — mais da metade do registrado na série histórica — e 24 vereadores foram mortos. A maior parte dos homicídios aconteceu na região Nordeste (47% do total). O Ceará lidera o ranking de Estados com mais mortes de políticos, seguido de Rio de Janeiro e Maranhão.
Homens são 98% das vítimas. No período analisado foram encontrados apenas dois casos de mulheres: o da vereadora Marielle Franco e o da vereadora de Aiuba Jucely Alves Arrais (PDT-CE), assassinada em fevereiro do ano passado.
Políticos homens também morrem mais pois são maioria entre os políticos eleitos: mulheres ocupam apenas 13,5% dos cargos nas câmaras municipais e 12% das prefeituras de todo o país, segundo dados da Secretaria de Políticas para Mulheres.
A idade média dos políticos assassinados é de 44 anos, tendo o vereador mais novo morrido aos 22 anos e o vereador mais velho aos 75 anos. 31,8% dos políticos mortos tinham até o ensino médio completo, mas em 43% dos casos a escolaridade não foi informada. 28% eram negros (pretos e pardos), 27% brancos e em 47% dos casos não foi informada a cor/raça.
Partidos. Houve casos de homicídio de parlamentares de 26 partidos diferentes. Liderando a lista dos partidos com mais mortos está o MDB, que teve 12 parlamentares assassinados desde 2007, seguido por PDT, PSD e PSDB, que tiveram oito parlamentares assassinados cada.
O contexto dos assassinatos varia, mas a maior parte envolve o uso de armas de fogo ou objetos cortantes, como facas. Muitos dos homicídios tinham indícios claros de execução, como no caso da vereadora Marielle Franco, e com suspeitas de motivações políticas. Em outros casos, porém, os homicídios de parlamentares refletem o cenário de violência cotidiana, como a morte do vereador de Barra do Jacaré Miguel Calixto (PSD-PR), baleado em fevereiro deste ano durante uma troca de tiros entre a polícia e bandidos. Também é o caso da morte do vereador de Barreira (PDT-CE), José Targino dos Santos que, em 2015, foi assassinado durante uma discussão sobre política, no bar.
Colaborou Sérgio Spagnuolo
MATÉRIA DO SITE AOS FATOS.ORG