Resultados da busca por ""

Foram encontrados 19387 posts para sua pesquisa

Exibidão é só sorrisos.
No Dia das Reservas Particulares de Patrimônio Natural, Curitiba tem motivos para comemorar.
É a capital com maior patrimônio natural no Brasil, com 60 Reservas Particulares de Patrimônio Natural Municipal

Exibidão é só sorrisos.<br>No Dia das Reservas Particulares de Patrimônio Natural, Curitiba tem motivos para comemorar.<br>É a capital com maior patrimônio natural no Brasil, com 60 Reservas Particulares de Patrimônio Natural Municipal

Exibidão é só sorrisos

No Dia das Reservas Particulares de Patrimônio Natural, Curitiba tem motivos para comemorar. É a capital com maior patrimônio natural no Brasil, com 60 Reservas Particulares de Patrimônio Natural Municipal

  Nesta quarta-feira (31/1) é comemorado o Dia Nacional das Reservas Particulares de Patrimônio Natural, instituído pelo Congresso Nacional em 2017. Curitiba tem motivos para comemorar. É a capital com maior patrimônio natural no Brasil, com 60 Reservas Particulares de Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), de acordo com a Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CNRPPN).
“Quero destacar a importância das RPPNMs, porque as reservas particulares são um ato voluntário dos proprietários e significa que essas áreas serão preservadas para sempre. Curitiba, além de ser a cidade com maior número de RPPNMs do Brasil, é uma das mais verdes no mundo, isso é um grande orgulho. Isso ajuda a preservar a biodiversidade da cidade, não só a flora como também a fauna”, afirma a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias. Ao todo, as 60 RPPNMs de Curitiba ocupam 792.431 m² de áreas verdes particulares. Somente nesta gestão do prefeito Rafael Greca, desde 2017, foram criadas 43 reservas, que totalizam 632.472,61 m² de áreas preservadas.

O que é uma RPPNM

As Reservas Particulares de Patrimônio Natural são um tipo de Unidade de Conservação criada por proprietários de terras para preservar a biodiversidade de espaços privados. Os donos desses locais têm o compromisso de manejar recursos naturais, proteger a natureza e os recursos hídricos e ajudar no desenvolvimento de pesquisas científicas, na manutenção do equilíbrio climático e ecológico, além de executar outros serviços ambientais, como proteger a biodiversidade.

Como uma área verde vira RPPNM

A conservação e a preservação do patrimônio natural têm grande influência na manutenção da biodiversidade, no sequestro de carbono, no equilíbrio do microclima e na proteção dos recursos hídricos. A transformação de uma área em RPPNM é um ato voluntário do proprietário e de sua família, em prol da conservação e da preservação da área verde para as presentes e futuras gerações.
  • VEJA AQUI a documentação necessária e orientações para criação de uma RPPNM
A primeira RPPNM de Curitiba foi a Cascatinha, instituída em 27 de março de 2007.

Política Real

Política Real
Política Real. Comentário desta sexta-feira (02/02/24), do jornalista Genésio Araújo Junior, direto de Brasília. Acompanhe…

Algozes de Sergio Moro precisam esperar um pouco mais. Novo comando do TRE/PR só vai julgar o processo depois que sair a nomeação do novo integrante do colegiado

Algozes de Sergio Moro precisam esperar um pouco mais. Novo comando do TRE/PR só vai julgar o processo depois que sair a nomeação do novo integrante do colegiado
Segundo o grande jornalista Karlos Kohlbach, o novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Sigurd Roberto Bengtsson, suspendeu o julgamento do processo contra o senador Sergio Moro (União Brasil) até que o quórum da Corte esteja completo. O anúncio foi feito à imprensa no início a tarde desta quinta-feira (1°) logo após a posse da nova gestão. Na prática, Sigurd vai aguardar o presidente Lula nomear o próximo juiz do TRE paranaense para só depois incluir na pauta de julgamento a ação contra o ex-juiz da Lava Jato. O novo presidente do TRE afirmou que tomou a decisão de suspender o julgamento, em conversa com o vice-presidente Luiz Osório Moraes Panza, por entender que não haveria tempo hábil.

O caldeirão de feijão do general Heleno está fervendo e pode entornar a qualquer momento

O caldeirão de feijão do general Heleno está fervendo e pode entornar a qualquer momento

A Polícia Federal intimou o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno, para depor na próxima terça-feira sobre o funcionamento de uma Abin paralela, informa a colunista Bela Megale.

Segundo a matéria da jornalista, veiculada no GLOBO, o motivo da convocação é que a PF tem dados que evidenciam que o militar recebeu informações sobre os alvos monitorados ilegalmente pela agência de inteligência enquanto foi ministro de Bolsonaro. O foco da PF sobre o depoimento de Heleno é esclarecer até que ponto ele tinha conhecimento sobre as ilegalidades praticadas na Abin e quais eram os destinatários dos relatórios produzidos.

Racismo. Ana Júlia (deputada/Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Juventude na ALEP) encaminhou um ofício à UFPR solicitando rigor na apuração […]

Racismo. Ana Júlia (deputada/Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Juventude na ALEP) encaminhou um ofício à UFPR solicitando rigor na apuração […]

Racismo

Ana Júlia (deputada/Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Juventude na ALEP) encaminhou um ofício à Universidade Federal do Paraná solicitando rigor na apuração de um caso de racismo que teria ocorrido na instituição [...]

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Juventude na Assembleia Legislativa, a deputada Ana Júlia (PT) encaminhou, na segunda-feira (29), um ofício à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) solicitando rigor na apuração de um caso de racismo que teria ocorrido na instituição. De acordo com denúncias que chegaram ao gabinete da parlamentar, os casos de injúria racial teriam ocorrido no Campus da Saúde da UFPR, no curso de Medicina. No documento, a deputada lamenta o incidente e pede transparência e punição adequada ao responsável pelo crime. “Lamentavelmente, casos de racismo em instituições de ensino, como o ocorrido no curso de medicina da UFPR, destacam a persistência de discriminação racial. É crucial que a universidade investigue rigorosamente o caso, oferecendo transparência e punição adequada ao responsável”. Ana Júlia pediu celeridade nas investigações e sugeriu a criação de uma campanha permanente de combate ao racismo em todos os campi da UFPR. “Nosso mandato está em contato com o Delegado Geral pedindo celeridade nas investigações. Nossa sociedade e, principalmente, a UFPR não podem coadunar com atos racistas, principalmente dentro dos seus campi. Por isso, sugerimos a criação de uma campanha permanente de combate ao racismo em todos os campi da UFPR, visto que este não é um caso isolado”.

Pacote de investimentos da Itaipu em Foz do Iguaçu chega a R$ 1,3 bilhão.
Números contemplam somente os investimentos anunciados desde 2023, dentro do programa Itaipu Mais que Energia

Pacote de investimentos da Itaipu em Foz do Iguaçu chega a R$ 1,3 bilhão.<br>Números contemplam somente os investimentos anunciados desde 2023, dentro do programa Itaipu Mais que Energia
Os investimentos da Itaipu Binacional somente no município de Foz do Iguaçu (PR), dentro do programa Itaipu Mais que Energia, lançado em 2023, já alcançaram a marca de R$ 1,3 bilhão. Os números contemplam recursos destinados a obras, projetos de responsabilidade social, moradia popular, turismo, meio ambiente e saúde. Somados os R$ 750 milhões previstos para a construção do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), cuja licitação está prevista para ser lançada no segundo semestre deste ano, o total ultrapassa os R$ 2 bilhões. “É o maior investimento da história de Itaipu na cidade de Foz do Iguaçu”, afirmou o diretor-geral brasileiro, Enio Verri. A apresentação dos dados foi feita nesta quarta-feira (31), no Centro de Recepção de Visitantes (CRV) da Itaipu, em cerimônia que reuniu o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, o presidente da Câmara de Vereadores, João Morales, o diretor-superintendente do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Irineu Colombo, diretores da Binacional, secretários municipais, entre outras autoridades. “A nossa gestão assumiu publicamente o compromisso de, além de produzir uma energia limpa e barata, investir no social, no meio ambiente. E o objetivo desse encontro de hoje é exatamente prestar contas desses investimentos que contribuem para a geração de empregos, de renda, e que melhoram a vida das pessoas”, acrescentou o diretor-geral da Itaipu. No evento, Enio Verri e Chico Brasileiro anunciaram o projeto de revitalização da Avenida Juscelino Kubitschek, uma das mais importantes do município e que nunca passou por reforma estrutural profunda, desde que foi construída, na década de 1970 – portanto, há mais de 40 anos. Os investimentos previstos no projeto são de R$ 22 milhões em dois anos. As melhorias incluem um novo sistema de drenagem, recapeamento, reforço na iluminação e instalação de ciclovia e pista de caminhada. “Essa é uma demanda histórica dos moradores. A Avenida JK é importante não somente para o fluxo comercial e empresarial da cidade, mas também como corredor turístico que conduz os visitantes ao Paraguai e à própria usina de Itaipu”, disse Enio Verri. Chico Brasileiro acrescentou que a revitalização da JK vai resolver um antigo problema de alagamentos em dias de chuva, especialmente no trecho próximo ao viaduto da rodovia BR-277, além de viabilizar a conexão da ciclovia da Avenida Tancredo Neves (construída com recursos da Binacional) com as avenidas Jorge Schimmelpfeng e General Meira. “Vamos criar um corredor cicloviário Norte-Sul ligando a usina de Itaipu ao Marco das Três Fronteiras.” Convênios Ainda durante o evento, foram assinados simbolicamente dois convênios, representando os investimentos da Binacional em diferentes áreas do município. O primeiro, no valor de R$ 5 milhões, foi com a Associação Um Chute para o Futuro, que desenvolve atividades esportivas, culturais, de lazer e de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários junto a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O idealizador do projeto, Ronaldo Cléber Cáceres, calcula que a parceria vai permitir que as ações do Chute para o Futuro alcancem um universo de mil jovens dos bairros Três Lagoas, Jupira, Jardim Itaipu, Califórnia e Porto Belo. Hoje, são beneficiadas cerca de 400 pessoas. “É fácil ir para o crime, e é por isso que os projetos sociais existem. Hoje, esses jovens sonham em ir para a faculdade, e não para o tráfico”, comentou. O segundo convênio envolve Itaipu e a Prefeitura para investimento de R$ 13.719.994,37 na área de saúde. O recurso será aplicado para a redução da fila de espera dos usuários do Hospital Municipal Padre Germano Lauck para cirurgias eletivas e de alta complexidade, problema agravado com a pandemia de covid-19. Hospitais de Foz do Iguaçu e região, públicos, privados e filantrópicos, poderão se credenciar para realização das cirurgias. “Essa parceria vai nos ajudar muito a aliviar a dor daquelas pessoas que estão esperando há alguns anos para a realização dessas cirurgias”, pontuou o prefeito. O diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni, fez uma apresentação de alguns dos principais projetos financiados pela Itaipu no município, entre eles, o Mercado Público – que deve ser inaugurado ainda neste semestre –, a reestruturação urbana da Avenida Beira-Foz e a instalação do Ecoparque Itaipu, em uma área de 114 hectares ao largo do Arroio Jupira, na Vila A, com previsão para conclusão em 2025.

Edifício Joelma: 50 anos depois, marcas do incêndio permanecem.
Fogo matou 181 pessoas e deixou mais de 300 feridas

Edifício Joelma: 50 anos depois, marcas do incêndio permanecem.<BR>Fogo matou 181 pessoas e deixou mais de 300 feridas
No dia 1º de fevereiro de 1974, Hiroshi Shimuta, 80 anos, chegou bem cedo ao 22º andar do Edifício Joelma, no centro da capital paulista, onde trabalhava. O expediente começava às 9h da manhã, mas ele decidiu chegar antes das 8h porque queria ler os jornais antes de começar a jornada, para se atualizar sobre o que estava acontecendo no Brasil e no mundo.  Acabara de ser pai de gêmeos. Uma menina e um menino haviam nascido no dia 18 de janeiro e ele sequer os havia segurado no colo porque nasceram prematuros e ainda permaneciam no hospital. “Eu estava na minha sala lendo meu jornal e então recebi um telefonema da portaria me informando que o prédio estava pegando fogo”, relembra. Era por volta das 8h45 da manhã, quando o Edifício Joelma começou a pegar fogo. Naquele dia, São Paulo enfrentava muitos ventos, fator que contribuiu para a propagação das chamas. O incêndio no Edifício Joelma foi uma das maiores tragédias ocorridas no Brasil, provocando a morte de 181 pessoas e deixando mais de 300 feridas. Embora o país nunca tenha se preocupado em homenagear esses mortos ou transformar essa tragédia em um memorial, as marcas e lembranças do incêndio permanecem vivas em muitas pessoas.

Incêndio

O fogo teve início no 12º andar, ocupado pelo Banco Crefisul, resultado de um curto-circuito no sistema de refrigeração. O vento e a falta de segurança do prédio logo fizeram as chamas se alastrarem, levando à morte centenas de pessoas. O número de óbitos registrados variou ao longo dos anos, mas pesquisa feita pelo jornalista e escritor Adriano Dolph, autor do livro Fevereiro em Chamas, documenta que 181 pessoas morreram  no incêndio. “Busquei documentos oficiais do IML (Instituto Médico Legal) e do Cemitério do Vila Alpina. Busquei também nos processos criminais, em documentos do Corpo de Bombeiros, no Arquivo Público do Estado de São Paulo e em jornais da época”, relembra. “O que tenho são 181 laudos necroscópicos”, atesta o jornalista.
CAMINHOS DA REPORTAGEM: Cinzas de fevereiro: 50 anos do incêndio do Edifício Joelma. Foto: TV Brasil
Adriano Dolph, autor de Fevereiro em chamas - Divulgação/TV Brasil

Torres

Inaugurado em 1971, o Edifício Joelma - atualmente chamado de Edifício Praça da Bandeira - é uma obra do arquiteto Salvador Candia. Construído em concreto armado, é composto por duas torres de 25 andares: uma virada para a Avenida Nove de Julho e outra para a Rua Santo Antônio, no centro da capital paulista. Entre elas, uma única escada central. “Ele tem características arquitetônicas muito interessantes. Ele tem sete andares de estacionamento mas, pela altura desses andares, compõem uma altura de aproximadamente dez andares. Por isso ele não tem marcados três andares. Ele pula do sétimo para o décimo primeiro andar”, explicou Dolph. Do 11º ao 25º andar, o prédio conta com salas de escritórios que, naquela época, estavam sendo ocupadas pelo Crefisul. “Muitos estavam ali em busca do primeiro emprego. Sexta-feira era o dia de entrevistas de emprego no banco. O livro Fevereiro em Chamas traz relatos de funcionários que estavam levando, por exemplo, uma irmã para entrevista de emprego [naquele dia]”. As salas eram repartidas por divisórias e tinham carpetes, móveis de madeira e cortinas de tecido, que contribuíram para que o fogo se alastrasse rapidamente. Dois anos antes, o centro da cidade de São Paulo já havia enfrentado uma grande tragédia. Um incêndio no Edifício Andraus, localizado próximo da Praça da República, havia deixado 16 mortos e entre 300 ou 400 feridos.
“Todo mundo imaginou que a tragédia do Andraus seria aquela épica, aquela que iria marcar gerações. Mas veio uma ainda pior: o Joelma fez muito mais pessoas perderem a vida”, disse o escritor.

Hiroshi Shimuta

Sobrevivente da tragédia, o presidente da Nicom Comércio e Material de Construção, Hiroshi Shimuta, começou a trabalhar no Citibank no início dos anos 70, empresa pela qual dedicou 20 anos de sua vida. Em 1972, o Citibank adquiriu participação no Crefisul para complementar seus negócios. Com isso, o departamento do banco em que ele trabalhava se dividiu: parte continuou na Avenida Ipiranga [onde estava o Citibank] e parte se mudou para o Edifício Joelma, que tinha acabado de ser todo alugado para o Crefisul.
São Paulo (SP) 19/01/2023 - Empresário Hiroshi Shimuta sobrevivente do incêndio do Edifício Joelma. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Empresário Hiroshi Shimuta sobrevivente do incêndio do Edifício Joelma. - Paulo Pinto/Agência Brasil
Shimuta alternava entre os prédios a cada semana. Na fatídica sexta-feira de 1974 ele estava no Joelma. “Eu tentei sair [da minha sala]. Mas a fumaça era muito forte. Pensei: ‘vou morrer sufocado’. Decidi arrancar todas as cortinas. O fogo começava nas cortinas, que eram feitas de juta. As janelas ficavam abertas e a cortina ficava balançando para fora. Então, pegava fogo embaixo e ia impulsionando o fogo para cima”, contou o empresário, que estava com outras seis pessoas na sala. Sob liderança dele, o grupo saiu da sala em direção a um pequeno banheiro do andar. “O banheiro não pega fogo. Então, vamos ficar aqui, vamos nos acomodar por aqui”, pensaram. Eles ficaram por ali um tempo, mas a fumaça não tardou a chegar. Foi então que decidiram deixar o banheiro e passar para um pequeno parapeito do lado de fora, onde permaneceram até que pudessem ser resgatados pelos bombeiros. O que tardou cerca de cinco horas para acontecer.
“Com o fogo subindo, havia quem se jogava lá de cima [de andares superiores]. O cenário era simplesmente dramático. Eu tentava acalmar o pessoal. Falava para não fazerem besteira porque daqui a pouco o fogo iria se apagar”, falou. “A gente orava muito e pedia para que Deus nos salvasse”.
Antes de ser resgatado, Shimuta pensava nos filhos recém-nascidos. “Eu não posso morrer. Tenho que viver de qualquer forma. Coloquei duas crianças no mundo e essas crianças não vão viver sem o pai. Sou responsável, preciso estar vivo”. O resgate foi complicado. A escada magirus do Corpo de Bombeiros só alcançava até o 14º andar. Eles estavam no 22º. Então, para fazer esse resgaste, os bombeiros precisaram subir ao topo da magirus e depois usar uma escada de alumínio, de forma complementar, com a qual iam escalando andar a andar. “Eles iam se revezando até chegar ao nosso andar. Fui o último a ser resgatado. Acho que levou mais ou menos uma hora nesse processo porque tinha que descer até o 12º andar [onde estava a magirus]. Aí ele ia descendo até chegar lá embaixo. Depois, subia para resgatar a segunda pessoa. Mas a essa altura do campeonato. estávamos felizes da vida, pois víamos nossos colegas saindo da escada e caminhando lá embaixo. Isso foi dando um alívio na gente”. Quando finalmente chegou ao asfalto, Shimuta só agradeceu. “A primeira coisa que fiz foi olhar para cima e agradecer a Deus por ter devolvido a minha vida. Depois agachei e beijei o chão”, conta. Naquela noite, ele não conseguiu dormir. “Estava cansado fisicamente, mas quando fechava os olhos, dava a impressão que eu estava sendo lançado no ar, que estava flutuando. Aquela sensação eu não esqueço nunca. Parecia que Deus estava querendo me levar”.

Mauro Ligere Filho

O microempresário Mauro Ligere Filho, 73 anos, é outro sobrevivente do Joelma. Ele também trabalhava no Citibank, banco pelo qual foi funcionário por 22 anos. “Nós estávamos [no Joelma] justamente vendo o que a financeira Citibank tinha e a financeira Crefisul tinha para podermos adequar os padrões. Os trabalhos tinham recém-começado. Acho que não tinha um mês”.
CAMINHOS DA REPORTAGEM: Cinzas de fevereiro: 50 anos do incêndio do Edifício Joelma. Foto: TV Brasil
Mauro Ligere esperou com um grupo mais de cinco horas pelo resgate. Divulgação/TV Brasil
Mauro, estava no mesmo andar de Shimuta, embora em salas diferentes. “Era uma sexta-feira garoenta. Tinha uma reunião e eu estava no prédio antes das 9h. Eu e meu diretor estávamos preparando uma apresentação. Eu tinha recém-ganhado uma caneta Parker 51 do meu pai”, conta.
“Na hora exata do incêndio, eu estava na sala do meu diretor, no 22º andar. Nessa sala tem um banheiro privativo. Estávamos eu, ele e uma secretária preparando a apresentação, quando escutamos uma barulhada de vidros explodindo. Meu chefe pegou um extintor e saiu correndo. A secretária foi atrás dele. Eu estava correndo atrás deles, mas lembrei que tinha esquecido minha caneta [que havia ganhado do pai] e voltei. Peguei a caneta, minha mala e meu paletó. Quando fui sair de novo, alguns segundos depois, o hall dos elevadores e a escada já haviam virado uma chaminé. Tentei subir ou descer pela escada, mas não consegui e acabei voltando para a sala onde estava. Nesse meio tempo, seis pessoas apareceram por ali. O Hiroshi era uma delas”, contou.
De início eles tentaram apagar o incêndio naquele andar. “Tentamos pegar uma mangueira de incêndio para apagar o fogo. Esticamos, conectamos no registro, mas não tinha água. O registro central do sistema de abastecimento de incêndio estava fechado”. Foi então que tiveram a ideia de se confinar no banheiro. Mas não conseguiram ficar muito tempo por ali por causa da fumaça. A solução acabou sendo pular para o parapeito. “Eu abri a janela [do banheiro] e vi que tinha um parapeito. E daí consegui respirar porque ali é um vale [Vale do Anhangabaú] e os ventos ora vinha daqui ora dali. Aí eu pulei [a janela do banheiro] e as outras pessoas pularam também. [O parapeito] era pequeno e não cabiam sete pessoas. Então ficamos um em cima do outro. E uma pessoa em cima de mim. Ficamos ali por horas. Se não tivéssemos pulado [a janela do banheiro] teríamos morrido asfixiados”. Ligere foi um dos primeiros a ser resgatado daquele parapeito. Seu salvador foi o bombeiro João Simão de Souza. O nome do bombeiro ele só foi descobrir ao dar entrevista para um programa de TV, no ano passado. “Ele agora é um amigo que eu tenho, que eu ganhei, e que só fui encontrar após 49 anos”. Daquele fatídico incêndio, Ligere Filho saiu apenas com uma orelha queimada. “Só a orelha que queimou. Eu estava praticamente intacto, não tinha nada além daquela ardência no olho e daquela secura na boca”. E na segunda-feira após a tragédia ele já tinha voltado a trabalhar. Mas as marcas não foram só físicas. Anos depois ele desenvolveu uma síndrome do pânico. “Imagino que tenha sido consequência disso aí porque eu sempre tinha sido tranquilo”, falou.

Responsabilização

As imagens daquele 1º de fevereiro continuam vivas na memória desses sobreviventes. Ligere Filho, por exemplo, não somente lembra detalhes sobre o que aconteceu naquele dia, como também guarda recortes de reportagens sobre o assunto que foram publicadas em jornais e revistas. Inclusive das muitas entrevistas que deu. “Como eu tinha vivido aquilo, tudo que tinha [sobre o Joelma] eu comprava e guardava. Até que eu resolvi fazer um livro com várias manchetes da Veja, Estadão, Folha para contar para os meus netos”. Cada um teve que conviver com as recordações à sua maneira, já que, segundo relatos de sobreviventes, nem o condomínio, nem a prefeitura e nem o Crefisul disponibilizaram psicólogo para as vítimas após o incêndio. De acordo com o escritor Adriano Dolph, houve uma batalha pelo reconhecimento de que o Crefisul teve responsabilidade no incêndio. O banco chegou a indenizar alguns por acidente de trabalho, e entendia que era o suficiente, e que não era devida indenização às famílias pelos mortos. "Foi uma batalha de cinco anos que chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) e que o pagamento só ocorreu após dez anos, com idas e vindas, embargos declaratórios", explica o autor. Dolph ressalta ainda que os valores pagos foram ínfimos. “As pessoas só começaram a receber, de fato, a indenização após um acordo com o grupo Crefisul, que não era mais o Crefisul. Elas só começaram a receber indenização em 1986”, relembrou Adriano Dolph. Além disso, nem todo foram indenizados. “[A indenização] recebi de Deus, que foi a vida”, afirmou Ligere Filho. Pelo lado criminal, cinco pessoas foram responsabilizadas pelo incêndio no Joelma. Em abril de 1975, Kiril Petrov, engenheiro responsável pelas instalações gerais, foi condenado a três anos de prisão. Já os eletricistas Sebastião da Silva Filho, Alvino Fernandes e Gilberto Araújo e o proprietário da empresa Termoclima, Walfried Georg, foram condenados a dois anos de prisão. Eles recorreram da sentença e então houve diminuição das penas. “De fato, eles nunca cumpriram a pena de cadeia. Todos permaneceram livres”, disse o autor de Fevereiro em Chamas. Já a empresa Crefisul jamais foi julgada. “Da diretoria do grupo Crefisul ninguém foi tido como réu. Ninguém [do banco] foi encarado pela promotoria ou pelo delegado que cuidou do caso como responsável”, acrescentou o escritor. TV Brasil preparou um especial sobre os 50 anos do incêndio do Joelma, que vai ao ar no Caminhos da Reportagem, no dia 4 de fevereiro, às 22h

Edição: Aline Leal

Obras inacabadas

Obras inacabadas
Obras inacabadas O ministro do TCU Augusto Nardes fala sobre o assunto, especialmente para OgazeteirO. Acompanhe...

Política Real

Política Real
Política Real. Comentário desta quinta-feira (01/02/24), do jornalista Genésio Araújo Junior, direto de Brasília. Acompanhe…

Caso de Polícia
Governo Lula tem uma decisão irrecusável nos próximos dias:
a demissão da diretoria da Abin

Caso de Polícia<br>Governo Lula tem uma decisão irrecusável nos próximos dias:<br>a demissão da diretoria da Abin

Caso de Polícia

Governo Lula tem uma decisão irrecusável nos próximos dias: a demissão da diretoria da Abin

O governo Lula tem uma decisão irrecusável nos próximos dias: a demissão em bloco da atual diretoria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A começar pelo titular do órgão, o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio do ano passado.

As investigações da Polícia Federal comprovam que a Abin foi aparelhada completamente durante a gestão de Alexandre Ramagem, atual deputado federal e operador do clã Bolsonaro.

A agência, transformada em um antro de arapongagem, foi utilizada pelo governo bolsonarista para espionar, monitorar e colecionar documentos, sem autorização judicial, de políticos de oposição, juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), advogados, jornalistas e de lideranças de movimentos sociais e Ongs.

Segundo as investigações, a ferramenta utilizada para violar o sistema de telefonia e rastrear os celulares foi o equipamento FirstMile, um software desenvolvido pela empresa israelense Cognyte. O software espião, através do sistema de geolocalização, reuniu dados e informações de 30 mil pessoas.

O governo da extrema direita montou uma verdadeira “Gestapo tupiniquim” para reforçar o arsenal antidemocrático e golpista contra a oposição e as instituições da República — mais um crime do inominável, que ainda segue flanando por aí, recebendo recursos públicos do fundo partidário para continuar conspirando contra os interesses do povo trabalhador e da nação.
Caso de Polícia e a extinção da Abin

A Abin aparelhada cometeu um rol de crimes e a conduta dos seus diretores e agentes precisa passar por uma profunda e rigorosa investigação. Entre as ações e condutas criminosas levantadas estão o uso de atividades de inteligência para minar a confiança da população no sistema de votação eletrônica; o monitoramento do então presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, e de outros políticos; a prestação de assessoria ao senador Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”; o monitoramento de promotora do caso Marielle Franco; a espionagem do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação; a difusão (plantar) de informações falsas sobre suposta ligação de políticos do PT com facções criminosas e relatórios sobre advogados e jornalistas críticos do governo bolsonarista.

A PF em relatório constatou que “a gravidade ímpar dos fatos é incrementada com o possível conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin cujo resultado causou prejuízo para presente investigação, para os investigados e para a própria instituição”.

Ou seja, as investigações apontam na direção de que o atual corpo dirigente da Abin preserva relações com Alexandre Ramagem. “A percepção equivocada da gravidade dos fatos foi devidamente impregnada pela direção atual da Abin nos investigados [e] não alterou o cenário vivido pelos investigados ao tempo da gestão do del. Alexandre Ramagem em nítida relação de continuidade”, afirma o relatório da PF.

Há uma percepção no governo da necessidade de mudanças na Abin, que foi no ano passado transferida para o controle da Casa Civil. Antes, a agência estava abrigada no Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O episódio atual envolvendo a Abin nos remete, novamente, para o debate acerca do papel e da natureza de um serviço de inteligência na vigência do governo democrático. A Abin, assim como o GSI, foram formados com forte influência da visão dos militares sobre a segurança interna, uma visão ultrapassada e ainda marcada pelo traço do preconceito contra a esquerda e os movimentos sociais, uma mentalidade herdada da ditadura militar.

O Brasil necessita de uma agência de inteligência em novos moldes, focada nos novos desafios tecnológicos, que promova a defesa cibernética do país, a proteção de dados sensíveis e que forneça uma assessoria de alto nível para a cúpula governante, que monitore os riscos nas fronteiras e que contribua na gestão de planos em defesa dos nossos recursos estratégicos.

A atual Abin é um organismo imprestável. Não foi uma “Abin paralela” que promoveu a onda de arapongagem a serviço do governo bolsonarista, foi a Abin mesmo, a própria instituição. A atual agência de inteligência, assim como o GSI, são organismos incompatíveis com a vida democrática, carregam em suas entranhas um envelhecido DNA autoritário. A extinção da Abin seria uma medida de alcance democrático.

Quanto ao imediato: nos próximos dias, o governo Lula vai ter que tomar uma decisão sobre o futuro da diretoria da Abin — cresce a pressão por uma demissão coletiva. Já Alexandre Ramagem, é mais um criminoso do governo passado, que precisa responder por seus crimes.

*Jornalista e escritor. Autor dos livros ‘Brasil Sem Máscara, o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021]. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba.

  • Participe do nosso grupo de WhatsApp