Concidades: A verdadeira representação democrática? Por Alvaro Ferreira, jornalista e mestre em Ciências da Comunicação pela Usp

Do Blog Paçoca com Cebola

Sob o pretexto de democratizar o planejamento e as decisões a respeito dos caminhos que nossa cidade deve tomar, a Câmara de Vereadores discute hoje a criação do Concidades, para substituir o atual CMC – Conselho Municipal de Cidades. Esse, para a sua composição, realiza uma votação de indivíduos da sociedade com capacidade técnica para atuar consultivamente junto à Câmara e a Prefeitura.No Concidades, que alguns advogam ser mais representativo da sociedade, ocorreria a ocupação de uma série de cadeiras a serem preenchidas por sindicatos e organizações não governamentais das mais variadas. Bonito não? Só que na prática, as pessoas eleitas não terão sua individualidade e sua racionalidade utilizadas em prol da cidade. Os componentes do Concidades levariam apenas o voto não deles, mas das entidades que representariam, como sindicatos por exemplo. Ninguém garante que esse organismo não seja completamente aparelhado por esses essas associações não governamentais. Todos sabem das ligações de vários sindicatos e suas centrais com Partidos políticos. Ora, se o partido não consegue se eleger, ocupa o espaço no Concidades, e exerce ali a sua pressão. Parece democracia, mas receio que não seja.A verdadeira democracia está na representatividade que a população delega quando elege seus vereadores, prefeito e vice-prefeito.

A despeito dos gravíssimos problemas de corrupção que acometeram o atual CMC, não se pode torná-lo um órgão político, pois sua gênese é consultiva. Substituir o CMC pelo Concidades significa abrir espaço para um modelo assembleísta, onde o ativismo político toma conta do debate técnico. Onde a discussão é substituída pelos clichês políticos.
Num momento em que Londrina está mais do que abatida pela sua história recente de corrupção, pela atitude imediatista de um prefeito que sangra a população com um IPTU irracional, num momento em que Londrina vê Maringá crescer a passos largos, com belíssimos índices de desenvolvimento empresarial e social, num momento em que empreendedores sérios, pequenos, médios e grandes precisam tomar as rédeas da cidade, não há espaço para assembleísmo. Se os vereadores e prefeito não são os ideais, devemos trocá-los na hora certa e no espaço consagrado das as eleições municipais. E a verdadeira representação democrática, consagrada em nossa Constituição, é deles.

De mais ninguém.

Alvaro Ferreira
Jornalista, Mestre em Ciências da Comunicação pela Usp e Professor universitário

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