velhinhos

Viva os velhinhos do Paraná. A população paranaense com 100 anos ou mais cresceu 39% em 12 anos. Enquanto no Censo anterior do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, o Paraná tinha 933 habitantes centenários, no de 2022 o número subiu para 1.299 pessoas […]

A população paranaense com 100 anos ou mais cresceu 39% em 12 anos. Enquanto no Censo anterior do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, o Paraná tinha 933 habitantes centenários, no de 2022 o número subiu para 1.299 pessoas.

O Paraná ocupa a 11ª colocação entre os estados com mais pessoas centenárias, sendo a Bahia o líder com 5.336. Na Região Sul, o Paraná fica atrás apenas do Rio Grande do Sul, que tem 1.536 pessoas que alcançaram um século de vida. Assim como nas outras faixas etárias de pessoas idosas, as mulheres são maioria entre a população centenária no Paraná, totalizando 71%.

Curitiba é o município paranaense que abriga o maior número de idosos com 100 anos ou mais, com 237 pessoas. A seguir, vem Londrina, com 65 idosos centenários, Maringá com 47, Cascavel com 31 e Ponta Grossa com 30.

De acordo o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Jorge Callado, o aumento da população de pessoas com 100 anos ou mais no Paraná confirma o resultado das políticas públicas para pessoas idosas no Estado. “Além da efetividade das estruturas públicas dedicadas ao tratamento dos idosos, o Estado avançou muito em questões relacionadas à prevenção e à promoção da saúde”, avalia.

A secretária estadual da Mulher, Igualdade e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, afirma que o Paraná vem adotando uma abordagem para tornar a sociedade ideal para todas as idades, dentro do conceito de Estado Amigo da Pessoa Idosa. “O Paraná está se preparando para o aumento da população idosa por meio de diversas ações e políticas públicas. Uma das principais estratégias é a construção coletiva e intersetorial, envolvendo o Estado e as políticas públicas para garantir os direitos deste público”, afirma.

 

SEGREDOS PARA SE CHEGAR AOS 100

Moradora de Pato Branco, no Sudoeste, Maria Antonia Vaz faz parte do clube dos paranaenses com 100 anos desde 2011. No próximo dia 5 de dezembro, ela completa 112 anos e a festa já está programada pela família, formada por 7 filhos, 34 netos, 109 bisnetos e 112 trinetos, totalizando 262 descendentes diretos.

“O segredo dos 100 anos é boa saúde, amor pelos outros e a companhia da família. A maior riqueza é a família, estar sempre junto”, afirma dona Maria, torcedora fanática do Palmeiras. “Não perco um jogo. Ninguém torce mais pelo Palmeiras do que eu”, ressalta a senhora centenária que tem duas camisas autografadas por ídolos do clube.

Dos gostos que teve na vida, dona Maria enaltece a realização do sonho de voar. Quando completou 103 anos, ela voou pela primeira vez, ao ganhar uma carona no avião de um empresário da cidade até Santa Catarina. De lá para cá, voou pelo menos uma vez por ano, inclusive de helicóptero. “Quando era criança, a gente via avião e tinha medo, corria para debaixo da mesa. Agora, voar é a melhor coisa do mundo. Bem melhor que andar de carro”, compara.

Outra centenária paranaense é a curitibana Liamir Santos Hauer, que em fevereiro chegou aos 100 anos “naturalmente”, como gosta de ressaltar. “Cheguei aos 100 anos sem nenhuma doença de velho. Fui abençoada por Deus porque nunca me aconteceu nada de ruim”, afirma a idosa que não toma nenhuma medicação de uso contínuo e se casou três vezes. “Tive muita sorte. Tive um marido melhor do que o outro e só encontrei gente boa na minha vida. E olha que conheci muita gente nesses 100 anos”, afirma ela, que escreveu cinco livros a partir dos 77 anos.

Ex-primeira-dama de Curitiba – no primeiro matrimônio, foi casada com o prefeito Ernani Santiago de Oliveira, que administrou a Capital nos anos 1950 –, dona Liamir diz que um dos segredos que a ajudou a chegar bem aos 100 anos é a vaidade. “Sempre fui vaidosa, desde jovem. Sempre tive muito gosto em me vestir bem, em mandar fazer minhas próprias roupas, em usar joias”, conta.

ESTADO AMIGO DA PESSOA IDOSA 

O Paraná é o Estado com o maior número de cidades consideradas Amigas das Pessoas Idosas. Dos 29 municípios brasileiros com a certificação internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS), 23 são paranaenses. Além disso, o próprio Estado, cuja população idosa é de 1,7 milhão de pessoas, foi o primeiro a receber o status de Amigo da Pessoa Idosa.

O Paraná também é o único estado com Conselhos Municipais de Direitos do Idoso em todos os municípios, ou seja, em suas 399 cidades. Tem 389 fundos municipais e 369 Planos Municipais de Direitos do Idoso já aprovados e vigentes.

 

SAÚDE

Só em 2022, o Paraná fez 6,4 milhões de atendimentos individuais a pessoas idosas na Atenção Primária à Saúde (APS), a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar, 74,9% dos idosos paranaenses utilizam o SUS.

Das recentes ações para esse público no Paraná, duas se destacam. A primeira é a Caderneta da Saúde da Pessoa Idosa, em que são registrados dados como uso de medicamentos, hospitalizações, cuidados com a saúde bucal, quedas, além de detalhes da convivência social e familiar do idoso.

Outra ação é o Manual de Prevenção de Quedas dos Idosos. Feito em parceria entre a Secretaria da Saúde e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o guia aborda os riscos de quedas e mostra medidas preventivas essenciais para evitar esse tipo de acidente nessa faixa etária.

Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, a estimativa entre os idosos com 80 anos ou mais é de que 40% sofram quedas todos os anos. Dos que moram em instituições de longa permanência, asilos ou casas de repouso, a frequência de quedas é ainda maior: 50%.

VIVER MAIS PARANÁ

O Paraná também conta com a maior iniciativa de habitação popular do país voltada para pessoas idosas. O programa Viver Mais Paraná entregou, desde 2019, quatro condomínios exclusivos para moradores idosos: em Jaguariaíva (Campos Gerais), Foz do Iguaçu (Oeste), Prudentópolis (Centro-Sul) e Cornélio Procópio (Norte). Uma quinta unidade está em construção em Cascavel (Oeste).

O Viver Mais Paraná atende pessoas acima dos 60 anos sem casa própria, com renda familiar de um a seis salários mínimos. A prioridade de atendimento é para aqueles com menor poder aquisitivo. O público selecionado pela equipe social da Cohapar pode residir nas casas por tempo indeterminado ao custo mensal de apenas 15% do salário mínimo.

Todos os condomínios seguem um modelo construtivo parecido. São conjuntos compostos de 40 moradias cada, com amplos espaços de uso comum para atendimentos na área de saúde e assistência social, além de áreas de lazer e convivência. O acompanhamento dos moradores é feito por técnicos das áreas de saúde, educação física e assistência social do município e, de maneira complementar, podem contar com a participação de estudantes universitários

 

INCLUSÃO DIGITAL 

O Paraná também tem uma ação para que idosos aprendam a utilizar smartphones, internet e redes sociais, o Programa Inclusão Digital e Social da Pessoa Idosa da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar). Os cursos abordam o básico: ligar o dispositivo, configurar wifi, acessar um editor de texto, o navegador, os cuidados que devem ser tomados no ambiente digital e noções de redes sociais.

A cada mudança nos dispositivos ou em suas aplicações, são feitas atualizações no conteúdo dos cursos, que ganham novas edições todos os anos. Em dez anos, mais de 15 mil idosos passaram pelas aulas do programa.

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